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24/02/2017 14:03:37

OPINIÃO

Panorama da seca: CPLA parabeniza Marcos Carnaúba por artigo conclamando solução 
 
A Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA)  vem a público parabenizar o engajamento social e crítico do engenheiro Marcos Carnaúba em seu artigo  publicado nesta sexta-feira,24, no Jornal Gazeta de Alagoas, intitulado  "Conclamação ao Ministério Público". 
 
O texto traça um panorama da seca que se alastra historicamente pelo Nordeste brasileiro, em especial aos vestígios devastadores deixados na economia e  perspectiva social do povo sertanejo.  "A verdade  é que a situação  já chegou ao seu estado de calamidade pública. E, sim, precisamos, nós os produtores de leite que estamos vendo o gado morrer e doenças aparecer, da intervenção dos órgãos competentes", reforça o presidente da CPLA, Aldemar Monteiro, em nome dos quase 4 mil produtores de leite  cooperados. 
 
A estiagem tem se agravado a cada dia nos municípios para além do Sertão alagoano. Regiões  como o Agreste já ligaram o sinal de alerta para as consequências causadas pela falta de recursos hídricos para atividade agrícola e pecuária.  "A balança já começa a pesar e o produtor é obrigado a conter gastos, se desfazer do gado, isso quando o mesmo já não morre de fome e sede antes. Precisamos de um olhar especial, efetivo, para evitar uma grande quebra no setor", desabafou Monteiro. 
 
Abaixo, confira na íntegra a anamnese preparada pelo engenheiro Marcos Carnaúba. 
 

CONCLAMAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO

MARCOS CARNAÚBA – ENGENHEIRO CIVIL


Durante cerca de quatro décadas tentei – e continuo tentando – ajudar o sertão – região desprezada – porque abrange cerca de cinquenta por cento da área territorial de Alagoas.

Defendo o Canal do Sertão, que muitos pensam beneficiará terras que tenho por lá, e até um governador me perguntou o porquê de eu tanto me empenhar em sua defesa se não vou ser beneficiado. Cidadania, respondi-lhe! Sou diferente da maioria e penso no Estado como um todo. O Canal, ora em São José da Tapera, que demandaria quatro anos para implantação e salvação do sertão foi pactuado nos gabinetes para ser concluído em vinte, bandeira constante de várias eleições.

Há décadas pesquiso o semiárido e opções de desenvolvimento, rodei muitos quilômetros sertão afora fazendo palestras técnicas, criando uma associação, e um sindicato rural que promoveu a única greve de vacas do Brasil, paralisando a bacia leiteira em busca de preço justo do leite, e de tudo me afastei porque entendi que a ‘indústria da seca’ é um cancro encrustado naquela região inculta. 

Hoje, sob o peso da idade, mas sem perder o idealismo, vejo tudo fenecer, o gado morrer, as águas secarem comprometendo a vida e a economia da região, o povo migrando, animais silvestres morrendo, macacos saindo de matas residuais em busca de água e comida, sem eu saber a quem apelar.

A região está sob exaustão hídrica. Não há águas doces subterrâneas e Palmeira dos Índios vai entrar em colapso. Os carros-pipas são insuficientes. Águas de poços são salobras, algumas servem para animais, e mesmo assim a população as consome. Disso advêm as doenças futuras, derrames e infartos além de outras transmitidas por águas impróprias que matam crianças e velhos não contabilizados.

Sim, isso é um desabafo! Alagoas está sob um desastre que requer decretar Estado de Calamidade Pública na busca de auxílio imediato da União para ações de socorro e recuperação. Não há mortos que justifiquem a calamidade, dizem, mas outros estados a decretaram por falta de dinheiro. Por que não fazemos o mesmo em defesa da vida e da economia regional? Não há impedimento! O motivo é outro!

Conclamo o senhor procurador-geral de Justiça para que requeira de seus pares, nos diversos municípios, relatórios consubstanciados sobre o flagelo, que tome assento no Comitê da Seca e providências. O Ministério Público, guardião da sociedade, é fiscal, ouvidor e defensor do povo, digna missão que almejo ver cumprida.

O sertão nada vale! O sertanejo é ingênuo e massa de manobras – ‘pão e circo’ lhe calam, e assim morre ao deus-dará.
 
CPLA - Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas
Av. Siqueira Campos, nº 1295, Prado - CEP 57010-001 - Maceió - Alagoas
Fone: (82) 3336-9300