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22/09/2016 11:01:14

MILHO E SOJA

Altos custos de insumos desestimula produtor de leite da CPLA

Alta nos preços  e falta de insumos como soja e farelo de milho preocupam  segmento leiteiro de base agrícola familiar

Principal base para o preparo das rações  concentradas e volumosas, o farelo de soja e o milho estão à beira da extinção nos currais dos agricultores familiares. A justificativa é a alta  nos preços desse itens, desde 2015,  que não estão compensando  na hora de colocar a relação custo-benefício na balança.

O produtor de leite Hélio Soares (42), de Major Izidoro, cooperado da CPLA, tem produção média de 300 litros de leite/dia e precisou apertar o cinto para não desistir do leite. “É preciso vender quase dois litros para poder compra um quilo de soja ou milho, isso quando se acha esses dois no mercado, algumas vezes só achamos indo comprar em Santana”, comentou. O preço que o produtor se refere em quantidade por quilo é de R$ 1,30 o milho e R$1,50 o farelo de soja.

Com quase 12 animais no curral, seu  Hélio se diz desestimulado para continuar buscando o sustento da família com o leite. “O preço de custo está muito alto. Não está compensando. E, o pior quando juntamos o sal mineral com caroço, milho e soja, aí é que a gente sente no bolso tamanho prejuízo”, desabafou o produtor.

Na Plantel  Agropecuária,  parceira da CPLA no fornecimento de insumos com preço de custo, o empresário André Ramalho, atribui o momento da crise dos cereais à uma questão interna de produção. “O abastecimento de grãos foi afetado desde o ano passado e se agravou esse ano pela  instabilidade climática, com chuvas irregulares no País inteiro. Tem  produtor  de grãos que não aguentam outro ano de seca”, pontuou.

O preço de compra atual do milho, com 60 quilos,  está na casa dos R$69,00 e  a R$ 82,00 está saindo saco de farelo de soja, com 50 quilos.  Para Ramalho, não há perspectiva de recuperação. “Precisamos recorrer a safra americana do milho, com seus custos embutidos em transporte e variação do dólar. A princípio não vejo expectativa de normalização”.

A solução para abastecer  a pecuária leiteira tem sido trazer boas quantidades de fora. “Nosso farelo de soja hoje tá vindo do Píauí, o milho também de lá e da Bahia e as vezes até de Goiás. Isso implica no acréscimo de valores sobre o valor de repasse o qual reflete no orçamento do produtor”, finalizou André.

Alternativa

Quem conseguiu formar silagem e compor um bom estoque também está enfrentando dificuldade por conta do inverno irregular e baixo de água para reabastecer.  O produtor Hélio conta que apesar do inverno irregular conseguiu fazer silagem, mas acredita que outro item ajudar a amenizar a situação do manejo nutricional.“A gente tá fazendo de tudo para não parar, mas o cerco está se apertando. Já tivemos uma boa experiência com o bagaço de cana junto com a silagem da palma e os vejo como uma saída rápida para o preparo do volumoso, além do aumento do preço do leite”, apontou o produtor Hélio.

Atualmente o preço do leite pago ao produtor no Programa do Leite é de R$ 1,14. Já no mercado fora do programa, esse valor sobe para R$ 1,25. A Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), que representa mais de 3 mil produtores, segundo seu presidente, Aldemar Monteiro, irá juntar seus cooperados para solicitar ao governador Renan Filho  vias alternativas para recepção do bagaço de cana, além de melhorias no Programa do Leite.

"Vamos levar essa questão dos altos custos de produção para o governo avaliar. Já constatamos que não tem como ficar à mercê da recuperação da normalização do preço da soja e milho. Teremos de usar a criatividade para manter o gado alimentado e produzindo na agricultura familiara", observou Monteiro. 

 

CPLA - Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas
Av. Siqueira Campos, nº 1295, Prado - CEP 57010-001 - Maceió - Alagoas
Fone: (82) 3336-9300