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MDS garante que Programa do Leite não vai parar em AL

Ministro estipulou prazo até o próximo dia 12 para aportar recursos e regularizar pagamentos em atraso

“Muita gente acha que não é nada, mas o Programa do Leite é tudo para o pequeno produtor”. Foi assim que se expressou dona Ana Gonçalves, cooperada da CPLA, ,produtora de leite há 10 anos no assentamento Cachoeira Poço de Pedra, após audiência com ministro Osmar Terra, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), na última  quarta-feira,6, em Brasília/DF.

Assim como Ana, o produtor Cícero Leite, do assentamento Cajá do Negros  também esteve no MDS defendendo a continuidade do Programa em Alagoas, após  um longo histórico de  ordenamento de desaceleração do Programa por parte do governo federal. Os dois, que reforçaram uma comitiva alagoana para defender os interesses da agricultura familiar em Alagoas, ouviram do ministro a garantia de que o programa não vai parar.

“Todos os programas sociais estão sendo mantidos e não há perspectivas de mudanças, principalmente quando possui benefício tão grande como lá em Alagoas”, sinalizou positivamente o ministro Osmar Terra, confirmando que o programa do Leite segue ativo com suporte do governo federal.

 “O problema é que recebemos a pasta sem dinheiro, com um déficit enorme e um monte de parcelas em atraso. Agora, temos que arrumar recursos para regularizar a situação”, explicou Terra. Apesar da “escassez” de recursos, o ministro se comprometeu a obter resposta para liberação dos pagamentos em atraso até o começo da próxima semana, no máximo até terça-feira,12.

No imbróglio para resolver o impasse da permanência do Programa ou não, a CPLA contou com o reforço da União das Cooperativas e Economia Solidária de Alagoas (Unicafes/AL) e da bancada federal, dos deputados Ronaldo Lessa e Marx Beltrão, além do secretário da agricultura, Alvaro Vasconcelos,  no diálogo com o MDS.

 “Precisamos deixar claro que existe uma cadeia altamente dependente do viés econômico do Programa do Leite para obter o pão de cada dia. Muitas  pessoas ainda não visualizam a dimensão desse programa, e que com ele  vem junto o trabalho de assistência prestado ao produtor e distribuição de leite diário para milhares de famílias, crianças e nutrizes”, pontuou Aldemar Monteiro diretor da CPLA.

Esperança Renovada

Nem só de leite sobrevive o programa.  Ao longo de seus 15 anos de operação em Alagoas, o produtor de leite viu seu pasto crescer e o volume de leite triplicar após as atividades técnicas desenvolvidas nas comunidades leiteiras.

Com a extinção do programa, as atividades de assistência com serviços de inseminação, reprodução animal e custeio de insumos, talvez seriam inviabilizadas, segundo o presidente da CPLA, Aldemar Monteiro. “Investimos em tecnologia de reprodução com valores acessíveis, preços mais competitivos, credibilidade no mercado de rações e insumos, além de desenvolvimento de técnicas de produção que a CPLA dispõe por meio do Programa do Leite. Existe uma série de fatores que precisam ser examinados antes de falarmos em contingenciamento de recursos”, argumentou Monteiro.

Além do pilar produtivo, de geração de emprego e renda no campo, o Programa do Leite carrega a missão social de livrar da fome crianças, nutrizes e famílias de baixa renda em Alagoas. Em audiência, na Câmara Municipal, moradores de comunidades e grotas de Maceió, saíram em defesa do Programa: “meus filhos foram criados com o leite vindo do programa, será uma perda irreparável, podendo a ameaça da fome se tornar realidade”, disparou um beneficiário do Programa aos vereadores.

Ameaça

Atingido pela crise econômica e instabilidade política no Brasil, o Programa do Leite tem sido alvo constante de ameaça de corte pela falta de recursos nos cofres públicos. Há 15 anos no Estado de Alagoas,  beneficiando 80 mil famílias todos os dias com um litro de leite, o programa vem sofrendo com uma série de atrasos de pagamento ao produtor, que chega a fornecer 80% de sua produção ao  governo por meio do programa.

Muitos deles, nesse período de crise, com alta dos custos de produção e preços de mercado, chegaram ao ponto de abandonar o barco. “Tem família que depende exclusivamente do Programa e tiveram que parar de produzir para encontrar outros meios de sobrevivência nesse intervalo de atraso”, confirma o produtor Cícero Leite.

Com a ordem de desaceleração no início deste ano, o programa sofreu o corte de 50% sobre a contrapartida do governo federal, de R$ 29 milhões para R$ 18 milhões. O Estado precisou intervir e com autorização do governador Renan Filho, Alagoas assumiu 40% dos recursos totais por meio do Fundo de Combate a Pobreza, o Fecoep.

Missão

A agenda em Brasília/DF foi extensa para  as cooperativas de agricultura familiar de Alagoas. Na terça-feira,5, a Unicafes e suas cooperativas  tiveram concretizada a aprovação da inclusão da goma de tapioca pela Conab Nacional. A pauta com a equipe da Conab também incluiu a manutenção das modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).